Áreas de atuação

Musicoterapia - Áreas de atuação

Áreas de atuação

Áreas de atuação do musicoterapeuta

Por Rosemyriam Ribeiro dos Santos Cunha e Sheila Maria Ogasavara Beggiato

Bruscia (2014) considerou que uma área de atuação pode ser caracterizada  pelos objetivos que o musicoterapeuta trabalha, as expectativas do participante,  o propósito da instituição e a maneira como musicoterapeuta e cliente trabalham.  Com base nessa forma de pensar, denominamos por áreas de atuação as diferentes formas de pensar e fazer musicoterapia  nos espaços onde ela é acolhida e desenvolvida.  Assim, mais do que o lugar, a forma do musicoterapeuta agir e relacionar-se com o/a participante é que determina  uma área de atuação. 

Com esse preceito em mente, podemos, de forma didática, considerar alguns espaços de prática, sem que estes representem a totalidade das possibilidades de inserção da musicoterapia.

Área Social e Comunitária

Considerado por Styge (2002) como uma área de atuação, a musicoterapia social e comunitária se volta para a formação de arenas de participação, para a ampliação de possibilidades de inserção social (RUUD, 1998) de pessoas que por qualquer razão,  estejam excluídas ou marginalizadas na sociedade. No espaço de ação social e comunitário ressoam a cultura, as crenças, os valores, as denúncias e as demandas da coletividade.

BRUSCIA, Kenneth. Definindo musicoterapia. 3 ed. Dallas: Barcelona Publishers, 2014.

Ruud, E. Music Therapy: Improvisation, Communication and Culture.
Barcelona Publishers, 1998.

STIGE, Brynjulf. The Relentless Roots of Community Music Therapy. Voices. A world forum for music therapy,v. 2, n,3, 2002 . Doi https://doi.org/10.15845/voices.v2i3.98 . https://voices.no/index.php/voices/article/view/1583

Área da Gerontologia

A área de atuação da gerontologia abrange trabalhos com as pessoas idosas com vistas às iniciativas de promoção da qualidade de vida. Os processos musicoterapêuticos buscam a diminução do isolamento social com o fortalecimento de laços sociais. Assim, a estimulação da memória, a expressão de formas de pensar, o compartilhamento  de repertórios de melodias e canções, são ações que perpassam os encontros musicoterapêuticos.  Os processos podem também ser voltados para cuidadores e pessoas da família sempres que  resultem no bem estar físico, emocional e social da pessoa idosa.

Área Educacional

Área educacional se insere nas políticas de educação inclusiva e abrange a inserção de profissionais musicoterapeutas em escolas de ensino regular e especial. As interações musicoterapêuticas, nesse contexto, buscam estimular a criatividade, a expressão emocional, as dinâmicas cognitivas, a movimentação corporal, em espaços interrelacionais mediados por produções musicais lúdicas e espontâneas nas quais os alunos/as  possam experimentar formas diferenciadas de comunicação.

Área Saúde Mental

A saúde mental diz respeito a todos/as os seres humanos, contudo a área de atuação da saúde mental que aqui está sendo considerada é a que trabalha com pessoas que apresentam algum tipo de sofrimento psíquico grave. O sofrimento é inerente a condição humana. O sofrimento psíquico grave é multicausal e complexo, entendido a partir da relação com o mundo (Puchivailo, 2014) e se constrói e se expressa nas relações afetivas, sociais e culturais (Costa, 2013). São momentos de sofrimento que se agravam e que demandam acolhimento e escuta empática de profissionais.

A musicoterapia na saúde mental acolhe as pessoas e seus sofrimentos em diversos ambientes e espaços, desde os equipamentos especializados na área da saúde / saúde mental como em centros comunitários, em projetos e /ou programas. A amplitude de ações de um/a musicoterapeuta se dá na relação terapêutica com as pessoas em sofrimento psíquico, com suas famílias e comunidade e em ações político-sociais que visam minimizar preconceitos relativos à loucura e àqueles que sofrem.

Os processos musicoterapêuticos desenvolvidos na área da saúde mental poderão propiciar a auto-expressão criativa/musical, melhoria nas relações sociais, produção de subjetividades outras, principalmente na percepção de potencialidades para além do sofrimento, melhoras no estado de humor, na estimulação da memória, no desenvolvimento da cidadania, oportunizando o protagonismo e narrativas outras, e na (re)integração social, entre outros objetivos.

A música como um elemento cultural permite que os espaços sejam rompidos e ampliados e que o trabalho da musicoterapia na área da saúde mental alargue-se para além dos espaços formais de atendimento, indo à comunidade e praças, a eventos culturais, na configuração de grupos musicais e artísticos, buscando criar estratégias potentes para que a pessoas atendidas nessa área da saúde mental possam construir um novo lugar na sociedade (FERRARI e CERDA, 2012) e tentar garantir os preceitos da Reforma Psiquiátrica.

PUCHIVAILO, MARIANA. REPERCUSSÕES CLÍNICAS DE UMA EXPERIÊNCIA EM GRUPO DE MUSICOTERAPIA COM PESSOAS EM SOFRIMENTO PSÍQUICO GRAVE: UM ESTUDO FENOMENOLÓGICO. Dissertação, 2014

COSTA, Ileno. 2013

FERRARI, Pollyana; CERDA, Marcela Weck de La. COLETIVO CARNAVALESCO “TÁ PIRANDO, PIRADO, PIROU!”: CRIAÇÃO MUSICAL E ARTÍSTICA NA INTERFACE ENTRE CULTURA E SAÚDE MENTAL. Anais do XIV Simposio Brasileiro de Musicoterapia, 2012.

https://14simposiomt.files.wordpress.com/2012/02/final_-_xiv_simpc3b3sio.pdf

Área Hospitalar

A musicoterapia na área hospitalar apresenta uma possibilidade do/a musicoterapeuta atuar no sentido de oferecer um alívio a dor e ao sofrimento das pessoas que ali se encontram em tratamento, e desta forma, possibilitando um atendimento mais humanizado aos pacientes, familiares e profissionais. “A práxis musicoterapêutica no ambiente hospitalar tem como objetivo estimular a expressão de sentimentos, oferecer acolhimento, colaborar com a recuperação integral dos participantes”. (BARBOSA FILHO; SILVA; GATTINO, 2016).

A utilização da música, quando utilizada por um profissional musicoterapeuta, configura-se em um recurso terapêutico não farmacológico, atuando no sistema nervoso central, provocando efeitos sedativos e estimulantes que podem diminuir o estresse, a dor, reduzir os batimentos cardíacos, amenizar a pressão arterial e o sofrimento pós-cirúrgico. (BARBOSA FILHO; SILVA; GATTINO, 2016).

A musicoterapia na área hospitalar também atua junto a equipe de profissionais que estão envolvidos ao atendimento dos pacientes e familiares. A música ajuda a promover a paz interior, tranquilidade e harmonia, descontração e disposição para o trabalho, alívio do estresse, mais reflexões e melhorar a interação entre a equipe.

BARBOSA FILHO, Albertino Moura; SILVA, Livia Cunha da; GATTINO, Gustavo Schulz. Musicoterapia e educação musical no contexto hospitalar: aproximações e distanciamentos. http://periodicos.unespar.edu.br/index.php/incantare/article/view/822/pdf_66

BERGOLD, Leila Brito; CHAGAS, Marly; ALVIM, Neide Aparecida Titonelli; BACKES, Dirce Stein. A UTILIZAÇÃO DA MÚSICA NA HUMANIZAÇÃO DO AMBIENTE HOSPITALAR: INTERFACES DA MUSICOTERAPIA E ENFERMAGEM. http://www.revistademusicoterapia.mus.br/wp-content/uploads/2016/11/4-A-utiliza%C3%A7%C3%A3o-da-m%C3%BAsica-na-humaniza%C3%A7%C3%A3o-do-ambiente-hospitalar-interfaces-da-Musicoterapia-e-Enfermagem.pdf

Área Organizacional

A musicoterapia na área organizacional tem como potência de trabalho a prevenção, promoção da saúde, e o bem-estar dos/as trabalhadores, ao utilizar a música para apoiar pessoas, desenvolver equipes de trabalho e melhorar as relações inter/intrapessoais em grupos profissionais (AMORIM, 2014).

Frequentemente vinculada à área de Gestão de Pessoas, pode oferecer “serviços de consultoria (em dinâmicas de grupo, processos seletivos, programas de treinamento e desenvolvimento), de apoio e suporte em programas voltados à Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), na prevenção de doenças ocupacionais (estresse, ansiedade, LER, DORT), grupos terapêuticos (dependência química, drogas e álcool) e formação de grupos de apoio para melhoria das relações intra/interpessoais” (AMORIM, 2014).

AMORIM, Scheila Ramos da Silva. MUSICOTERAPIA ORGANIZACIONAL: UMA ESTRATÉGIA PARA A PROMOÇÃO DO BEM-ESTAR E DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO (QVT). 2014. https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/46925/R%20-%20E%20-%20SCHEILA%20RAMOS%20DA%20SILVA%20AMORIM.pdf?sequence=1&isAllowed=y