Musicoterapia no Mundo

Musicoterapia no Mundo

Musicoterapia no Mundo: Alguns aspectos

A utilização da música para fins de tratamento é muito antiga na história da Humanidade.
“Embora não seja descrita como musicoterapia, a música é ainda hoje utilizada como cura em inúmeras tribos e em outras sociedades não tecnológicas na Ásia, África, Austrália, América, Oceania e Europa, como nos mostra a literatura de Etnomusicologia."
(BARCELLOS, 2016, p 5)

Mas a configuração de um campo de conhecimento, tal como conhecemos hoje, teve sua concepção marcada pela revolução das concepções científicas provocada pela mudança do paradigma da ciência clássica – mecanicista e reducionista – para o paradigma contemporâneo da complexidade, mudança ocorrida na metade do século XX (CHAGAS, PEDRO, 2008).

Uma das evidências dessa mudança de foco foi provocada em diferentes lugares e culturas por homens, mulheres e crianças que sofreram as consequências da Segunda Guerra Mundial, tanto do ponto de vista econômico quanto do social. Esse fato influenciou as relações intersubjetivas e a busca de explicações para compreendê-las. Populações adquiriram ferimentos psicológicos e físicos, reconstrução de cidades e de grupos, mutilações de corpos e mentes, entre outras, algumas delas gerando sequelas que necessitavam de tratamento.

É conhecida a história de profissionais músicos americanos contratados para distrair os egressos da guerra, que sofriam problemas tanto de ordem física quanto de ordem emocional. Os resultados positivos foram percebidos imediatamente. A experiência musical provocou uma mudança no quadro clínico daquelas pessoas. A equipe de saúde logo percebeu que, para o sucesso desta atividade, não bastava que esse profissional fosse músico; era necessário que ele também fosse um terapeuta.

Foi assim que o primeiro currículo para formação de musicoterapeutas foi planejado em 1944, na Michigan State University. Em 1945, o National Music Council formou um comitê de musicoterapia que elaborou o primeiro curso de formação para musicoterapeutas, ministrado a partir de 1946 na Kansas University, Texas. Em 1950, foi formada, nos Estados Unidos, a National Association for Music Therapy – NAMT – (AMTA, 2021). Em 1968, a Guildhall School of Music and Drama, em Londres, ofereceu um curso ministrado pela musicoterapeuta Juliette Alvin (ANSDELL, 2002). Mundo afora surgiram ações práticas e iniciava-se a compreensão dos fenômenos clínicos provocados pela música.

Também no Brasil algumas instituições adotavam a Musicoterapia como forma de tratamento, antes da existência de estudos sistemáticos. Pode-se citar, no Rio de Janeiro, a Sociedade Pestallozzi do Brasil e a Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação, em 1964; e no Rio Grande do Sul, a partir de 1969, o Hospital Psiquiátrico São Pedro – Divisão Kraepelin.

A nossa inserção acadêmica teve início na década de 1970. Em 1971, a Faculdade de Educação Musical do Paraná – atual Universidade Estadual do Paraná (Unespar) – criou a especialização em Musicoterapia para educadores musicais graduados. O primeiro curso de graduação em Musicoterapia no Brasil foi ofertado pelo Conservatório Brasileiro de Música em 1972 e reconhecido pelo MEC em 1978. Hoje a Musicoterapia avança em novos campos de prática, pesquisa e formação.

Referências Bibliográficas

American Music Therapy Association (AMTA) History of Music Therapy. Disponível em: https://www.musictherapy.org/about/history/. Acesso em: 3 maio 2021.

ANSDELL, G. Music Therapy in the United Kingdom, Voices resources, 2002. Disponível em: https://voices.no/community/index.html?q=country-of-the-month%252F2002-music-therapy-united-kingdom. Acesso em: 3 maio 2021.

BARCELLOS, L. R. M. Quaternos de musicoterapia e coda. Barcelona: Barcelona Publishers, 2016.

British Association for Music Therapy (BSMT). https://www.bamt.org/bamt/history

CHAGAS, M.; PEDRO, R. Musicoterapia: desafios entre a modernidade e a contemporaneidade–como sofrem os híbridos e como se divertem. Rio de Janeiro: Mauad X Bapera, 2008.

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